Gerações: ora bolas!

Gerações: ora bolas!

Gerações: ora bolas!

Por Francisco Sacramento

Existem momentos em que me recordo de Érico Veríssimo em “O tempo e o vento” e de Honoré de Balzac em “A comédia humana” pois ambos, em épocas distintas e distantes, se debruçaram e traçaram suas considerações sobre o comportamento do homem, esse ser considerado o “rei supremo” do mundo animal, mas que em muitas e muitas ocasiões perdesse-se em suas análises e adota decisões absolutamente equivocadas sem considerar que vivemos em um mundo de causas e efeitos. Dias atrás ao conversar com um executivo de uma organização percebi seu intenso espantado porque aos trinta e oito já era considerado como um representante do passado. Intimamente sorri e fiquei então a pensar: “como imaginariam então alguém como eu que já atingiu os 78” provavelmente como um ser bíblico, um individuo antidiluviano. Não estranharia essa abordagem mesmo porque dias atrás alguém comentou à minha frente: “nossa mas o senhor parece muito mais jovem”, para depois complementar com uma interrogação: “diga como consegue, com essa idade escrever, falar em público, se aventurar no campo da fotografia experimental e manter essa voz?” A sorrir internamente respondi: “sabe qual o meu segredo? Durmo no formol!” Pois é, aquilo que o jovem executivo está a enfrentar nada mais é do que um choque de gerações: a mais nova questiona a outra até mesmo numa sádica pratica do jogo de poder no qual, ela se julga superior.

Senge em a “A dança das mudanças”, destaca essa intensa mobilidade promovida de forma vertiginosa pelo vendaval dos tempos. Nesta altura do texto você poderá estar a resmungar “perda de tempo lembrar de títulos de livros”! “Será mesmo”, rumino com meus botões? Afinal esses títulos detém o poder de conduzir mentes irriquietas a considerações profundas que são, em sua essência, fundamentais na busca da eficiência, da eficácia, na construção de novos momentos, na solução de diferentes tipos de crises. Esse confronto de gerações também leva o meu ver a reflexões irônicas, iradas, contundentes e absurdas pois o futuro, como mencionou Drucker, “nasceu no ontem”. Paradoxalmente ou não estamos diante de mudanças radicais e velozes, impostas por mais uma crise, e entre o apavorados e extasiados nos defrontamos com a construção de um “O admirável mundo novo”. Aldous Huxley em sua obra discorreu sobre um futuro, de certa forma, tão chocante que André Maurois comentou: trata-se de “um prognóstico pessimista, uma terrificante utopia”. Parece que nesses anos 20 essa utopia transformou-se em uma realidade absurdamente sanguinária e desagradável. Essas lembranças levam a entender a expressão “geração, ora bolas” na essência conceitos e fatos se repetem a tal ponto que somos o resultado de um conhecimento milenar, que em muitos momentos se apresenta como novidade, mas que na realidade deriva de saberes anteriores, lidos e apresentados no hoje com roupagens modernas, sem no entretanto perder a sua essência.
Bom por hoje chega. Grande abraço a todos!.

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