outubro 04, 2020
Por Francisco Sacramento
Do noticiário sobraram queimadas, incoerências, justificativas, a forte sensação de que o mundo não mais era um lugar para viver. Olhei a madrugada parecia permanecer escondida no frio arfar do vento entre o cintilar de estrelas . Ouvi John Lenon a cantar ao som do piano “Imagination”. As noticias de que o convid19 havia chegado à casa de um casal de amigos tornaram a minha noite desagradável diante da minha impotência. Afinal o mundo já não é mais o mesmo. No noticiário da semana o repórter discorreu sobre a possibilidade da existência de vida em outros planetas há anos luz de distância: estaria o homem pensando em largar a terra e ir viver lá no além? As teclas do piano martelavam a neblina. Relembrei da retórica utilizada para justificar as razões da poluição e as exclamações do ano eleitoreiro a clamar, a bradar entre gestos: “agora vai ser diferente”. Será que temos de depender sempre das vozes alheias? Um bisonho participante da mídia publicou uma imagem do filósofo Sócrates com frase escrita talvez por ele mesmo, lembrando que afinal ”o papel aceita tudo”. Deu vontade de perguntar: “Sócrates escreveu isso ou você está a querer mostrar erudição?”
Afinal o que resta? Sobra em muito aquilo que vemos mas não enxergamos é oportuno lembrar as palavras de Saint Exupery: “ Só se vê bem com os olhos do coração”. Agora a voz de Nat King Cole canta “Autumn Leaves”. Não foi efetivamente o mundo que mudou, mas o desejo do homem o alterou com seu insaciável desejo de ser Deus: um deus de barro, finito e incapaz de desvendar de forma completa as equações que regem o equilíbrio e a harmonia, as quais em sua essência determinam a coerência do mundo através de suas suas manifestações simples até as complexas. Ouçam a voz de Louis Armstrong em “What a Wonderful World”, mas não apenas cantarolem ou deixem a imaginação flutuar no espaço escutem o sentido de cada palavra. Esqueçam as citações atribuídas a filósofos famosos, muitas representam meras formulações pessoais que simplesmente pretendem valorizar falas a partir de retratos daqueles que nunca fizeram tais abordagens. O mundo efetivamente mudou! Meus caros, não estamos diante do momento de nos entregarmos à ideia de que é hora de dizer “Time to Say Goodbye” ainda que as vozes de Sarah Brightman e Andrea Bocelli nos encantem. “O que nos resta”, alguém poderá perguntar, “não consigo mudar o mundo”. Simples, se cada qual colocar o seu tijolo o mosaico da vida irá se reconstruir a beleza e o mundo cantará e deixaremos de ser a cópia de um vulto inerte e passaremos a ter a força do ”Fantasma da Ópera”. Bom dia a todos
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