Por John G. West – 17/02/2025
Nota do editor: Este artigo é uma adaptação de Stockholm Syndrome Christianity: Why Christian Leaders Are Failing — And What We Can Do About It, de John West, recentemente lançado pela Discovery Institute Press.
Charles Darwin ajudou a derrubar a concepção tradicional ocidental da moralidade como algo baseado em verdades eternas de Deus ou da natureza. Em seu livro A Descendência do Homem, Darwin argumentou que preceitos morais específicos se desenvolvem porque, sob certas condições ambientais, promovem a sobrevivência. No entanto, uma vez que essas condições mudam, os ditames da moralidade também mudam.
Em nenhum outro aspecto essa nova visão darwiniana da ética teve impacto mais severo do que na vida familiar e na sexualidade humana. O próprio Darwin apoiava a monogamia como a forma preferida de união na Inglaterra vitoriana do século XIX. No entanto, ele também deixou claro que não havia nada de sagrado no casamento monogâmico como a forma preferida de união humana. Poderia ser a escolha ideal em seu tempo, mas, em um ambiente diferente e em outra época, poderia não ser a melhor opção. Certamente não era o modelo original de sexualidade humana ao longo do tempo e das culturas. Como escreveu Darwin: “Todos aqueles que estudaram o assunto mais de perto, e cujo julgamento vale muito mais do que o meu, acreditam que o casamento comunitário foi a forma original e universal em todo o mundo, incluindo o casamento entre irmãos e irmãs”.
O relato evolutivo de Darwin sobre as práticas de união humana em A Descendência do Homem incentivou uma compreensão relativista da moralidade sexual. Outros pensadores logo levaram essa ideia muito além de Darwin. Talvez a figura mais responsável pela quebra da ética sexual tradicional na cultura ocidental tenha sido um zoólogo evolutivo formado em Harvard.
Seu nome? Alfred Kinsey
Em 1948, Alfred Kinsey (na foto no topo deste artigo) lançou O Comportamento Sexual do Homem, um volumoso estudo com mais de 800 páginas de gráficos, tabelas e descrições de praticamente todas as práticas sexuais concebíveis entre homens brancos americanos. Divulgado com uma campanha publicitária digna da Madison Avenue, o livro logo se tornou o assunto do momento. Com base em entrevistas com milhares de americanos, Kinsey alegou que os tabus sexuais dos Estados Unidos não correspondiam à realidade social e biológica.
Kinsey ridicularizava como infantis aqueles que acreditavam que a bestialidade era imoral e sugeria que os tabus contra essa prática tinham origem na “superstição”. Ele afirmava que a promiscuidade masculina e o comportamento sexual entre crianças pré-adolescentes eram naturais do ponto de vista biológico. Kinsey não tentou oficialmente alegar que o sexo entre adultos e crianças era normal ou aceitável. No entanto, minimizou sua gravidade e enfraqueceu os argumentos para puni-lo. Kinsey insinuou que o trauma do contato sexual entre adultos e crianças não residia no abuso em si, mas na desaprovação social que o cercava.
Kinsey tratava o “animal humano” como apenas mais um tipo de mamífero, cujo comportamento de acasalamento poderia ser totalmente explicado em termos de biologia e condicionamento. Adotando uma abordagem totalmente darwiniana da moralidade sexual, Kinsey argumentava que qualquer prática sexual encontrada entre mamíferos poderia ser considerada um comportamento mamífero normal e, portanto, inofensivo.
Kinsey reconhecia que muitos americanos consideravam essa visão do sexo como “primitiva, materialista ou animalesca, e abaixo da dignidade de um povo civilizado e educado”, mas sustentava que a visão materialista era simplesmente a “aceitação honesta da realidade”, enquanto aqueles que se opunham estavam apenas “ignorando as origens materiais de todo comportamento”.
Ciência de baixa qualidade
Na realidade, a pesquisa de Kinsey era, em grande parte, ciência de baixa qualidade. No mínimo, quase metade dos entrevistados por sua equipe antes da publicação do livro sobre sexualidade masculina eram criminosos sexuais, cafetões, prostitutas, psicopatas, prisioneiros e outros indivíduos social ou sexualmente desviantes.
Não há como uma amostra dessas ser usada validamente para descrever os padrões sexuais da população masculina geral dos Estados Unidos. Mesmo o restante da amostra de Kinsey estava longe de ser representativa da população americana em geral. Isso porque Kinsey não selecionou aleatoriamente as pessoas que entrevistou. Em vez disso, muitos de seus sujeitos eram voluntários que decidiram contar suas histórias sexuais após terem assistido a uma palestra dele. Esse viés de autoseleção provavelmente produziu dados que não representavam a população em geral.
Infelizmente, os estudos de Kinsey sobre o comportamento sexual na América foram apresentados ao público como pesquisa científica sólida e objetiva, conduzida por um estudioso motivado apenas pela busca imparcial da verdade. Advogados, juízes, cientistas sociais, formuladores de políticas e educadores logo usaram suas conclusões para revolucionar a forma como a sociedade americana tratava a sexualidade. Kinsey se tornou um santo secular e um ícone cultural celebrado.
Reconhecendo a verdade
Como documento em meu novo livro, Martinson foi um exemplo de um “Cristão da Síndrome de Estocolmo” — alguém que se identifica como cristão, mas que adota a cosmovisão e as ideias de secularistas hostis aos ensinamentos históricos da Bíblia.
Os cristãos muitas vezes gostam de culpar os secularistas como os principais agentes do colapso cultural, mas a triste realidade é que muitos cristãos autodeclarados, como Martinson, foram tão fundamentais para a desintegração cultural quanto os secularistas.
Até que reconheçamos essa verdade, não estaremos em condição de mudar as coisas para melhor.
Fonte: https://evolutionnews.org/2025/02/darwin-kinsey-and-stockholm-syndrome-christianity/
Tradução voluntária de Marconi Fabio Vieira.
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