Evolucionismo Teísta

Autor: John G. West, PhD

O evolucionismo teísta é o esforço para reconciliar a teoria de evolução não dirigida de Darwin com a crença em Deus em geral e com a teologia cristã em particular. Termos análogos ao evolucionismo teísta incluem “criação evolucionária”, “criação plenamente dotada” e “biologos”.

Definição Ambígua

O evolucionismo teísta abrange uma ampla variedade de abordagens e pontos de vista, o que gerou considerável confusão sobre o real significado do termo. Em grande parte, as diferenças de opinião entre evolucionistas teístas decorrem da forma como definem tanto “teísmo” quanto “evolução”. O teísmo exige um Deus que ativamente e intimamente guia o desenvolvimento da vida? Ou permite um Deus passivo que pode nem mesmo saber como a vida se desenvolverá? Por outro lado, a teoria da evolução requer um processo não dirigido (como insistia Darwin)? Ou pode incluir um processo orientado para fins específicos por uma causa inteligente? A concepção do evolucionismo teísta varia significativamente dependendo das respostas a essas perguntas.

Nas décadas iniciais após a proposta da teoria de Darwin, o evolucionismo teísta geralmente era apresentado como uma forma de evolução guiada. Embora o próprio Darwin rejeitasse firmemente a ideia de que a evolução era guiada por Deus para atingir fins específicos, muitos de seus contemporâneos (incluindo membros da comunidade científica) não viam a seleção natural não dirigida como suficiente para explicar todos os grandes avanços na história da vida. Em vez disso, havia ampla aceitação da ideia de que “a evolução era um processo essencialmente intencional… A mente humana e os valores morais eram vistos como o resultado pretendido de um processo incorporado à própria estrutura da natureza e que poderia, assim, ser interpretado como o plano do Criador.” (Darwinism, 1993, p. 6)

Essa visão da evolução como um processo intencional começou a se desintegrar no início do século XX, quando a seleção natural darwiniana ressurgiu devido a pesquisas em genética experimental. Quando a teoria de evolução não dirigida de Darwin se tornou consenso na comunidade científica, a tarefa do evolucionismo teísta convencional tornou-se muito mais difícil: agora era necessário reconciliar o teísmo não apenas com a ideia de ancestralidade comum universal, mas também com a ideia de que o desenvolvimento da vida era impulsionado por um processo não dirigido baseado em erros genéticos aleatórios. Mas como Deus pode “dirigir” um processo “não dirigido”? Os evolucionistas teístas modernos não oferecem respostas claras ou consistentes para essa questão.

Defensores Proeminentes

Os principais defensores contemporâneos do evolucionismo teísta incluem o biologista da Universidade Brown Kenneth Miller (Finding Darwin’s God), o físico da Universidade Nazarena Oriental Karl Giberson (Saving Darwin), o ex-diretor do Projeto Genoma Humano Francis Collins (The Language of God), e o biologista/teólogo Denis Lamoureux. O ex-professor do Calvin College Howard Van Till foi um importante defensor do evolucionismo teísta nos anos 1990, mas sua relevância diminuiu depois que ele abandonou o cristianismo e adotou o “livre-pensamento”.

Enquanto alguns defensores contemporâneos do evolucionismo teísta sustentam que suas visões são consistentes com a teologia cristã tradicional, muitos outros deixam claro que aceitar o evolucionismo teísta exige revisões radicais na compreensão de Deus.

Diferenças Teológicas

Os defensores do evolucionismo teísta levantam pelo menos três desafios significativos à teologia cristã tradicional:

Não dirigido

Primeiro, muitos defensores do evolucionismo teísta afirmam que, por definição, a evolução darwiniana é “não dirigida”. Portanto, Deus não poderia ter guiado ativamente o processo evolutivo, contrariando os ensinamentos tradicionais cristãos sobre a soberania divina. Deus, supostamente, nem mesmo saberia com certeza ou especificidade como o processo evolutivo se desenrolaria. Aplicado aos seres humanos, isso significaria que Deus não sabia de antemão se a evolução produziria humanos ou outra criatura racional, como um dinossauro de cérebro grande.

Sem Queda

Segundo, muitos defensores do evolucionismo teísta rejeitam o ensinamento cristão tradicional sobre a bondade original da criação e sua subsequente “Queda”. Segundo Karl Giberson em Saving Darwin, os seres humanos já eram falhos e pecadores desde o início, pois foram produzidos por um processo evolutivo impulsionado pelo egoísmo. Assim, não houve uma “Queda” da bondade original na história da humanidade. O prefácio do livro de Giberson foi escrito por Francis Collins, outro evolucionista teísta.

Indetectável

Terceiro, evolucionistas teístas que buscam manter a ideia de que Deus guiou o processo evolutivo geralmente insistem que essa orientação é invisível para nós. Segundo eles, Deus criou a evolução para parecer “um processo aleatório e não dirigido”, mesmo que não seja. Esses evolucionistas teístas rejeitam a visão tradicional judaico-cristã de que o design de Deus pode ser claramente observado na natureza.

Embora o evolucionismo teísta receba muita atenção da mídia, ele claramente representa uma posição marginal entre os principais biologistas evolucionários. Cerca de 95% dos biologistas da National Academy of Sciences se identificam como ateus ou agnósticos, uma porcentagem muito maior do que em qualquer outra disciplina científica. (Where Darwin Meets the Bible, 2002, pp. 271-273)

Da mesma forma, uma pesquisa de 2003 da Universidade Cornell revelou que 87% dos principais cientistas evolucionistas negam a existência de Deus, 88% não acreditam na vida após a morte, e 90% rejeitam a ideia de que a evolução tem um “propósito final”. (Cornell Evolution Project Survey)

Assim, o biologista darwiniano Richard Dawkins (The God Delusion) é muito mais representativo das crenças dos biologistas evolucionários do que o geneticista cristão Francis Collins (The Language of God).

 

Fonte: https://evolutionnews.org/i/theistic-evolution/

Tradução voluntária de Marconi Fabio Vieira.


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