Minando o Progresso Científico: A Exclusão da Teoria da Evolução da Educação Científica na Índia

Por Heslley Machado Silva

Pós-doutor em Educação e Ciência pela Universidade do Minho, Portugal, e doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. É professor e pesquisador da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) e do Centro Universitário de Formiga (UNIFORMG).

Resumo

A remoção da teoria da evolução biológica dos currículos escolares na Índia representa uma preocupação para a integridade da educação e o progresso do país. Essa medida compromete sua capacidade de enfrentar as mudanças climáticas, prejudica áreas vitais como a agricultura e a saúde, e mina seu potencial científico e tecnológico. Demonstrar os impactos negativos dessa decisão é crucial para revertê-la na Índia e estabelecer um exemplo global contra influências religiosas na educação baseada em evidências. É possível conciliar crenças religiosas com a aceitação da teoria da evolução. Proteger a integridade da educação científica é essencial para enfrentar os desafios do mundo moderno. Além disso, é importante considerar que outros países, como os Estados Unidos e o Brasil, também têm enfrentado ameaças à educação científica e à teoria da evolução biológica, tornando o caso da Índia um alerta para prevenir ameaças semelhantes em outros contextos.

Palavras-chave: ensino da evolução; religião; currículo; Darwin; biologia.

Introdução

É desafiador mensurar como o desenvolvimento científico em diversas áreas teria ocorrido na ausência do conhecimento derivado da teoria evolutiva. Algumas pistas históricas podem ser observadas, como o que aconteceu durante o governo de Stalin na ex-União Soviética (Stanchevici, 2017). Durante esse período, o cientista e figura politicamente influente Lysenko (Lecourt, 2017) persuadiu a liderança máxima do Politburo a negar o conhecimento oriundo dos trabalhos de Mendel (Radick, 2023) e Darwin (Rindos, 2013) na agricultura soviética. Em vez disso, ele defendeu a crença de que era possível moldar as características das plantas por meio de uma forma de pressão ambientalmente direcionada. O resultado foi a perseguição, prisão e morte de cientistas renomados, como Vavilov (Vavilov, 1922), cujas pesquisas em ciência vegetal eram baseadas em evidências sólidas, levando a uma fome sem precedentes devido à perda de safras inteiras.

Poder-se-ia imaginar que esse tipo de obscurantismo pertencesse ao passado. Negar algo cientificamente comprovado, como a teoria darwiniana? Supõe-se que não haveria espaço para tal negacionismo ou pseudociência no início do século XXI, com tantos avanços tecnológicos em vários campos. Esses avanços, como o aumento da produtividade agrícola (Denison et al., 2003; Rindos, 2013) e pecuária (Wright, 1978), a produção de vacinas (Gupta, 2024) e antibióticos (Méthot, 2015), entre outras conquistas, estão intrinsecamente relacionados ao entendimento dos processos evolutivos. Assim, espera-se que a teoria da evolução biológica seja preservada, especialmente no contexto educacional formal.

Contudo, na terceira década do século XXI, o mundo enfrenta novos desafios na comunicação em geral e, especialmente, na disseminação do conhecimento científico (Genot et al., 2021). Em vez de celebrar a ciência pelo desenvolvimento de vacinas em tempo recorde, permitindo o retorno à normalidade após longos períodos de isolamento social, a pandemia de COVID-19 tornou-se alvo de desinformações sobre seus riscos e teorias da conspiração (Cinelli et al., 2020). Essas concepções equivocadas impactam as taxas de vacinação em vários países, não apenas em relação ao SARS-CoV-2 (Fridman et al., 2021). Inacreditavelmente, em países como Brasil e Estados Unidos, onde o movimento antivacina prospera, professores de ciências e biologia frequentemente precisam explicar aos alunos o funcionamento e a importância das vacinas, diante da proliferação de informações infundadas disseminadas nas redes sociais e na mídia por diversos profissionais, incluindo médicos (Islam et al., 2020; Silva, 2023).

Em relação à teoria evolutiva, a situação não é diferente; ameaças ao seu ensino ocorrem em várias partes do mundo, notadamente nos Estados Unidos e no Brasil (Wiles, 2011). Essa ameaça baseia-se em um conflito desnecessário e contraproducente com a religião (Silva, 2022). Esse conflito ocorre principalmente com grupos religiosos dogmáticos que buscam excluir o ensino da teoria evolutiva ou insistem que seja ensinada em pé de igualdade com a visão criacionista ou sua variante supostamente científica, o design inteligente (Berkman et al., 2008; Silva et al., 2010; Wexler, 2010). Nos EUA e no Brasil, tais tentativas têm sido em grande parte frustradas, especialmente na educação pública (Alters et al., 2001; Branch et al., 2010). Entretanto, países como Turquia e Coreia do Sul, com padrões religiosos, econômicos, culturais e políticos distintos, já experimentaram movimentos de exclusão parcial ou total da teoria evolutiva em diferentes níveis educacionais (Silva, 2017).

Para ilustrar os riscos desse tipo de tendência, que não se limita a esses países, a uma religião específica ou a uma ideologia particular, é essencial observar o que recentemente ocorreu na educação indiana, a maior democracia do mundo, com todas as suas peculiaridades (Hardgrave Jr., 1993). É fundamental estar atento ao que se passou nesse país e considerar todas as suas possíveis repercussões, para que outros povos, nações e sistemas educacionais possam se precaver contra as consequências desse tipo de interferência injustificada.

A Índia, que na terceira década do século XXI está entre os principais atores da economia global (Jain et al., 2013) e na vanguarda da tecnologia (Jadhav et al., 2023; Upendra et al., 2020), também se tornou a nação mais populosa do mundo (Hertog et al., 2023). Com avanços notáveis na economia e na comunicação digital (Jordan et al., 2023), a Índia alcançou feitos extraordinários, como o pouso de uma sonda em uma região lunar ainda inexplorada por outras nações ou agências espaciais (Goswami, 2020). No entanto, esse cenário impressionante convive com preocupantes retrocessos na educação (Dash, 2000).

Recentemente, o país anunciou mudanças curriculares que excluem tópicos científicos essenciais dos livros didáticos, como a tabela periódica e a teoria da evolução de Darwin, afetando cerca de 134 milhões de estudantes entre 11 e 18 anos e gerando indignação entre cientistas e professores (Lewis, 2023). Mais de 4.500 cientistas, professores e comunicadores científicos se uniram em um apelo pela restauração do conteúdo sobre evolução em Kolkata, na Índia (Breakthrough Science Society; Samanta, 2023; Lewis, 2023). Nesse contexto, é necessário compreender as razões por trás dessa decisão e suas implicações para o país. É alarmante que esse tipo de retrocesso, já presente em outros países devido à influência de movimentos criacionistas e do design inteligente contrários ao ensino da evolução (Silva, 2017), esteja agora atingindo uma nação de grande importância global e regional.

Essas recentes mudanças educacionais na Índia refletem uma complexa interação de fatores religiosos, culturais e políticos. Impulsionadas pela organização Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS) (Sharda, 2018), ligada ao partido governante Bharatiya Janata Party, essas alterações curriculares fazem parte de um movimento mais amplo de afastamento de ameaças percebidas ao hinduísmo. A falta de transparência no processo decisório e a ausência de diálogo com educadores e pais levantam preocupações sobre os impactos de longo prazo na alfabetização científica e na curiosidade intelectual dos estudantes indianos.

Embora a Índia tenha um vasto potencial para o futuro, a questão da educação científica é crucial, e é essencial refletir sobre como essa medida contradiz as conquistas e aspirações da Índia de se tornar líder no desenvolvimento científico global. Nesse contexto, é relevante investigar se a ação contra a educação científica está predominantemente relacionada a questões religiosas (Khalsa et al., 2022) ou se também reflete negligência em relação ao desenvolvimento educacional do país (Jayapalan, 2005). A influência da religião e da política já foi citada anteriormente em relação a ações erráticas no ensino da evolução. No entanto, a posição da Índia no teste de desempenho internacional PISA implica uma dimensão adicional de negligência nesse domínio (Lall et al., 2005). Apesar dos esforços para aprimorar o desenvolvimento científico, a Índia parece ter dificuldades em canalizar efetivamente seus recursos para esse objetivo. A consequência é evidente no seu posicionamento no final dessa avaliação (Kumar et al., 2021), uma situação potencialmente agravada pela remoção de disciplinas fundamentais do currículo escolar.

A dificuldade de perceber a importância da teoria da evolução para a ciência e o desenvolvimento nacional pode ser desafiadora, mas é importante listar os impactos negativos potenciais, a curto, médio e longo prazo, que a Índia enfrentará diante dessa medida.

Curto Prazo

A remoção da disciplina de evolução biológica do currículo escolar na Índia, promovida pelo governo indiano, terá impactos significativos e imediatos no sistema educacional e no desenvolvimento dos estudantes do país. A decisão de excluir a teoria da evolução, mesmo a curto prazo, possui várias implicações preocupantes:

  1. Séria Lacuna na Educação Científica: A remoção da evolução biológica do currículo escolar deixará uma lacuna significativa na educação científica dos estudantes indianos. A biologia, como disciplina, está intrinsecamente ligada à teoria da evolução, que serve como um eixo central para entender todos os tópicos relacionados à vida e à diversidade biológica (Sadava et al., 2009).
  2. Falta de Integração de Tópicos Biológicos: A teoria da evolução atua como um elo integrador nos estudos biológicos, conectando conceitos diversos como genética, ecologia, anatomia e fisiologia (Helfman et al., 2009). Remover esse pilar central prejudicará a capacidade dos estudantes de entender a biologia de maneira holística e como ela é fundamental para o progresso da humanidade (Meagher, 1999). A frase de Theodosius Dobzhansky, “Nada em Biologia faz sentido, exceto à luz da Evolução” (Dobzhansky, 1973), resume a importância crítica dessa teoria. Remover Darwin da sala de aula nega aos estudantes a oportunidade de compreender os princípios que fundamentam toda a biologia moderna.
  3. Perda da História da Ciência e do Método Científico: A teoria darwiniana não é apenas um conceito científico, mas também um exemplo notável do método científico em ação (Ayala, 2009). A observação detalhada, a coleta de dados, a análise rigorosa e as conclusões fundamentadas que levaram à formulação da teoria de Darwin são essenciais para entender o processo científico (Feibleman et al., 1959), além de serem consideradas um marco histórico e até filosófico (Dewey, 2007) na ciência. Privar os estudantes dessa perspectiva é prejudicar sua apreciação da construção do conhecimento científico e do desdobramento de uma teoria em áreas relacionadas.
  4. Dano à Inspiração e à Tolerância Religiosa: A vida de Charles Darwin serve como inspiração para muitos estudantes e futuros pesquisadores ao redor do mundo (Desmond et al., 1992). Sua biografia destaca que religião e ciência não são incompatíveis, mostrando que é possível manter crenças religiosas enquanto se adere a princípios científicos fundamentais (Ayala, 2007). Nas palavras do próprio cientista: “Parece-me absurdo duvidar que um homem possa ser um fervoroso teísta e um evolucionista.” Em um país como a Índia, onde as crenças religiosas desempenham um papel proeminente na sociedade, essa lição é de grande relevância.

A remoção abrupta da evolução biológica do currículo escolar indiano a curto prazo cria uma deficiência na educação científica que prejudica a compreensão da biologia e mina a capacidade dos estudantes de desenvolver uma visão abrangente da ciência. Além disso, essa ação representa um retrocesso no reconhecimento da contribuição de Darwin à ciência e na necessidade de ensinar métodos científicos sólidos. Portanto, é importante considerar os impactos negativos que essa medida terá na próxima geração de cientistas e cidadãos indianos e reavaliar sua implementação.

Médio Prazo

A remoção da disciplina de evolução biológica do currículo escolar na Índia, a médio prazo, terá consequências profundas e desafiadoras para as áreas científicas e para a formação de novos profissionais no país. Vários efeitos se tornarão evidentes à medida que os estudantes, privados desse conhecimento, progridem em suas jornadas acadêmicas e profissionais:

  1. Desafios para os alunos de graduação em ciências: Nos cursos de ciências, especialmente nas áreas biológicas e da saúde, os estudantes chegarão sem um conhecimento sólido da teoria da evolução (Dagher et al., 1997). Isso levantará sérias questões sobre como esses cursos abordarão assuntos fundamentais que foram considerados dispensáveis pelas autoridades educacionais indianas.
  2. Falta de conexão entre biologia e saúde: Biologia e saúde estão intrinsecamente ligadas, e a teoria da evolução fornece uma base essencial para entender como as doenças evoluem e como os organismos respondem (e sofrem seleção) a elas (Moalem, 2007). A ausência desse conhecimento pode dificultar a conexão entre essas áreas, o que é prejudicial à formação de médicos e outros profissionais de saúde.
  3. Dificuldades em entender a resistência bacteriana: Um exemplo prático do valor do conhecimento sobre evolução biológica é entender a resistência bacteriana aos antibióticos (Mancuso et al., 2021). Sem uma base em seleção natural e evolução, os estudantes podem ter dificuldades em compreender como as bactérias desenvolvem resistência aos antibióticos ao longo do tempo (Dykhuizen, 1990). Esses insights são essenciais para orientar futuros cientistas indianos (e de qualquer parte do mundo) no desenvolvimento de novos antibióticos, levando em consideração a resistência bacteriana potencial. Da mesma forma, os futuros profissionais médicos compreenderão a importância de prescrever esses medicamentos com discernimento, evitando o uso indiscriminado, como testemunhado em diversos países durante a pandemia de COVID-19, notadamente no Brasil (Silva, 2021), o que representou riscos de novas cepas de bactérias resistentes a antibióticos. Além disso, os aspirantes a cientistas devem abordar a questão da resistência ao considerar a produção de novas vacinas para confrontar esse fenômeno evolutivo da resistência microbiana. Isso é essencial para a prática médica e saúde pública (Aslam et al., 2018).
  4. Impacto na formação de cientistas: A falta de ensino sobre a teoria da evolução e conceitos fundamentais, como a tabela periódica, comprometerá a formação de uma nova geração de cientistas (Sheldrake, 2005). O desenvolvimento de habilidades científicas sólidas e uma compreensão abrangente do mundo natural são essenciais para o avanço científico e tecnológico, e isso depende de a Índia ter cientistas com uma base de conhecimento sólida.
  5. Dano à capacidade de pesquisa: A pesquisa científica depende da compreensão dos princípios fundamentais que governam o mundo natural (Lenski, 2015). A remoção da teoria da evolução do sistema educacional indiano representa uma ameaça profunda para os futuros esforços científicos do país. Primeiramente, uma compreensão sólida da evolução serve como a pedra angular para várias disciplinas científicas, fornecendo um quadro para compreender a interconexão dos seres vivos, processos biológicos e sistemas ecológicos (Pásztor et al., 2016; Stauffer, 1957). Sem esse conhecimento fundamental, os aspirantes a cientistas indianos podem se encontrar inadequadamente preparados para explorar as complexidades da genética, ecologia e outras áreas fundamentais que dependem dos princípios evolutivos. Em segundo lugar, a inovação na pesquisa científica muitas vezes prospera na capacidade de estabelecer conexões entre diferentes campos de estudo. A exclusão da teoria da evolução interrompe essa harmonia interdisciplinar, dificultando a capacidade dos futuros cientistas de sintetizar insights da biologia, medicina e ciências ambientais (Kartman, 1967; Watts et al., 2019). Em uma era onde descobertas inovadoras surgem na interseção de diferentes áreas científicas, a ausência do conhecimento evolutivo pode dificultar a perspectiva holística necessária para pesquisas pioneiras. Portanto, a limitação do conhecimento sobre evolução não só coloca em risco as buscas científicas individuais dos aspirantes a pesquisadores, mas também prejudica o potencial coletivo da comunidade científica da Índia de contribuir de forma significativa para o avanço global do conhecimento.

A remoção da teoria da evolução do currículo escolar indiano, a médio prazo, terá impactos substanciais e negativos na formação de profissionais nas áreas científicas e da saúde. Será crucial que as instituições educacionais e o governo indiano considerem os danos que essa medida pode causar e busquem maneiras de reintroduzir e fortalecer o ensino da evolução biológica para garantir um futuro mais sólido para a ciência e a educação no país.

Longo Prazo

A retirada do ensino da evolução biológica a longo prazo, promovida pelo governo da Índia, tem implicações profundas e duradouras para o país, afetando áreas cruciais como agricultura, pecuária, saúde e sua pretensão de ser uma referência global nesses campos:

  1. Impacto na Agricultura e Pecuária: A agricultura e a pecuária são a espinha dorsal da economia indiana (Cagliarini et al., 2011; Pandey, 1995), e entender a evolução desempenha um papel fundamental nessas áreas. A seleção natural e a adaptação genética são conceitos essenciais para melhorar a produtividade, a resistência a pragas e o desenvolvimento de variedades de cultivos resistentes a condições adversas (Mehrotra, 1989). A ausência desse conhecimento pode comprometer a capacidade da Índia de alimentar sua crescente e enorme população.
  2. Dano Histórico à Agricultura: A história nos mostra exemplos de como a negação da teoria evolutiva e a interferência ideológica na ciência podem prejudicar gravemente um país (Joravsky, 2010). O caso da doutrina de Lysenko na União Soviética resultou em grandes atrasos na pesquisa agrícola e em uma fome generalizada no século XX, que custou a vida de milhões ao negar a genética e a evolução darwiniana (Lecourt, 2017). A Índia deve aprender com esse tipo de erro histórico e reconhecer que a ciência sólida, baseada em evidências, é fundamental para o progresso.
  3. Fracasso no Desenvolvimento da Saúde Pública: Entender a evolução também é vital para a saúde pública. Sem esse conhecimento, os futuros profissionais de saúde podem ter dificuldades para compreender a rápida evolução dos patógenos (Elena et al., 2003), como vírus e bactérias, e a resistência a medicamentos. O manejo da pandemia de COVID-19, as mutações do SARS-CoV-2, a dificuldade de tratamento e a necessidade de vacinação demonstraram como é importante compreender a evolução de um vírus (Silva, 2021) e estar preparado para lidar com esse tipo de evento. Isso pode comprometer a capacidade do país de lidar com surtos de doenças e desenvolver estratégias eficazes de saúde pública.
  4. Comprometimento da Vanguarda Científica: A falta de uma base sólida em ciência e evolução pode comprometer a capacidade da Índia de liderar os avanços tecnológicos e biotecnológicos no futuro. A biotecnologia, em particular, é uma área que depende fortemente da compreensão dos princípios evolutivos para o desenvolvimento de novas terapias, medicamentos e tecnologias (V. Gupta et al., 2017).
  5. Dano no Combate às Mudanças Climáticas: A Índia, como o país mais populoso do mundo, enfrenta sérios desafios relacionados às mudanças climáticas, que podem ser agravados pela remoção de tópicos científicos cruciais de sua educação, como a teoria da evolução. O país é vulnerável a eventos climáticos extremos, como chuvas intensas de monções e secas prolongadas, frequentemente exacerbadas pelo aquecimento global (Aadhar et al., 2018; Guhathakurta et al., 2011). Compreender as ciências climáticas e ambientais é fundamental para enfrentar essas ameaças, e entender como a evolução ocorre diante dessas condições é essencial para reduzir os efeitos dessas mudanças, incluindo a extinção de espécies e o aumento de pragas.

A remoção a longo prazo da teoria da evolução biológica do currículo escolar indiano coloca em risco não apenas a educação científica, mas também o progresso econômico, a segurança alimentar, a saúde pública e a posição da Índia como líder nos avanços tecnológicos e biotecnológicos.

Possíveis Razões

A rejeição contemporânea da teoria da evolução na Índia é um fenômeno complexo, enraizado na rica tapeçaria de diversidade religiosa do país, onde o hinduísmo, o islamismo, o sikhismo e diversas outras crenças coexistem (Lopez Jr, 1995). A natureza multifacetada dessa rejeição pode ter suas origens na interseção das crenças religiosas com a narrativa científica proposta pela teoria da evolução. A Índia, com sua sociedade pluralista, abriga uma gama de interpretações religiosas, variando de perspectivas conservadoras a mais liberais (Singh, 2004). A rejeição à evolução pode estar ligada a uma vertente conservadora dentro de certas comunidades religiosas que percebem os princípios evolutivos como conflitantes com seus dogmas religiosos tradicionais.

O diverso cenário religioso na Índia apresenta o desafio de navegar por pontos de vista teológicos contrastantes (Patrick, 2020), onde as interpretações sobre a criação e a origem humana podem variar significativamente. A rejeição à teoria da evolução pode, em parte, ser uma resposta à ameaça percebida que ela representa para as narrativas religiosas estabelecidas, particularmente aquelas baseadas em interpretações literais de textos sagrados (Bowler, 2003). Essa rejeição pode ser exacerbada pela presença do fundamentalismo religioso em certos segmentos da população, onde prevalece a adesão a interpretações rígidas e dogmáticas (Nieminen et al., 2014). Consequentemente, a rejeição da evolução pode não ser uma posição puramente religiosa, mas sim uma manifestação de dinâmicas socioreligiosas mais amplas que moldam as atitudes em relação aos paradigmas científicos. Compreender a interação sutil entre a diversidade religiosa e a aceitação científica é crucial para desenvolver estratégias eficazes para reconciliar esses domínios aparentemente conflitantes no cenário educacional da Índia.

Na complexa tapeçaria da sociedade indiana, a religião desempenha um papel significativo e multifacetado. Apesar da rica diversidade de práticas religiosas, o hinduísmo se destaca como a fé predominante, influenciando o tecido cultural, social e político da nação (Bloch et al., 2009). A heterogeneidade dentro do próprio hinduísmo, com seus inúmeros matizes de sistemas de crenças, torna ainda mais complexa a paisagem religiosa (Sharma, 2011). Em meio a esse cenário intricado, a recente remoção da teoria da evolução do sistema educacional indiano apresenta um desafio único. Embora a decisão esteja ostensivamente ligada ao desejo de apaziguar diversos sentimentos religiosos, é importante observar que muitos cientistas dentro da comunidade hindu não veem a interseção entre sua identidade religiosa e os princípios científicos como um ponto de conflito. De fato, um número considerável de cientistas hindus exibe uma coexistência harmoniosa de sua fé com a teoria da evolução (Breakthrough Science Society; Samanta, 2023). Essa perspectiva sutil é exemplificada pela aceitação do Dashavatara, os dez avatares de Lord Vishnu no hinduísmo, como um quadro conceitual que se alinha aos princípios da evolução darwiniana (Palai & Mishra, 2022). Apesar do cenário religioso predominante, as atitudes dos cientistas hindus destacam a potencial compatibilidade entre crenças religiosas e aceitação da ciência evolutiva, enfatizando a necessidade de uma abordagem mais inclusiva e informada para a educação na Índia.

A decisão atual do governo indiano de retirar o ensino da teoria da evolução da educação regular reflete uma complexa interação de considerações políticas, sentimentos religiosos e dinâmicas sociais (Laborde, 2021). Na tentativa de atender e alinhar-se a diversos grupos religiosos no país, o governo parece estar respondendo a demandas que percebem os ensinamentos associados à teoria darwiniana como desafiadores ou conflitantes com as crenças religiosas tradicionais (Aiyar, 2020). Ao remover a evolução do currículo, o governo pode estar tentando apaziguar facções religiosas conservadoras, especialmente aquelas que veem a teoria como uma ameaça às suas narrativas doutrinárias. Esse movimento estratégico, embora ostensivamente voltado para angariar apoio de comunidades religiosas, levanta preocupações sobre o possível comprometimento da integridade científica no sistema educacional. A decisão do governo ressalta o delicado equilíbrio que os líderes políticos frequentemente enfrentam entre a educação secular e o atendimento às diversas crenças religiosas, destacando a necessidade de uma abordagem sutil que preserve a integridade do ensino científico, ao mesmo tempo em que respeita o tecido religioso da nação.

Os oficiais do governo, especialmente aqueles envolvidos com a educação pública, devem reconhecer que ciência e religião não são antagonistas, mesmo no que se refere à teoria da evolução. As religiões pertinentes à Índia têm relevância além de suas fronteiras. É crucial identificar pesquisadores, figuras religiosas e pensadores que tenham navegado com sucesso pelo caminho da harmonia entre hindus (Raman, 2012), muçulmanos (Kojonen, 2023), sikhs (Jhutti-Johal, 2011), budistas (Jackson, 2020) e outras religiões asiáticas prevalentes (Brown, 2020). Ao fazer isso, não apenas a situação atual da Índia pode ser evitada, mas também a emergência e endosse de interferências semelhantes e prejudiciais podem ser prevenidos.

Novamente, com base nesse tipo de ameaça ao sistema educacional indiano, e nas razões para isso, é preciso questionar o que pode acontecer em países como o Brasil e os EUA, que também estão experimentando esse tipo de risco. Como exemplo, o Brasil recentemente passou por isso no governo Bolsonaro, no qual diversos membros de alto escalão da educação (Silva, 2023) e da ciência (Burity, 2021) se declararam abertamente alinhados ao criacionismo e ao design inteligente (Silva, 2023b), bem como refratários à teoria da evolução. Isso provavelmente resultou em um cenário que apoiou o negacionismo no período da pandemia, na educação e na pesquisa científica do país naquela época. Assim como na Índia, o governo brasileiro procurou agradar e alinhar-se com o crescente número de denominações religiosas mais dogmáticas (Almeida, 2019), especialmente em relação aos costumes (Kibuuka, 2020).

Conclusões

A remoção do tema da evolução biológica dos currículos escolares pelo governo da Índia representa um ato de preocupação não apenas para a comunidade científica, mas também para a integridade da educação e o futuro do país. Este ato, que permite que questões religiosas dogmáticas interfiram no sistema educacional, levanta uma série de questões críticas e exige uma análise cuidadosa dos efeitos resultantes. A Índia, uma nação que busca se destacar globalmente em economia, tecnologia e pesquisa científica, corre o risco de minar sua própria base de conhecimento científico ao remover um tema tão fundamental quanto a evolução biológica do currículo. A ciência é uma busca pela verdade baseada em evidências empíricas, e a evolução é uma teoria científica bem estabelecida e aceita pela comunidade científica global. Negar sua inclusão na educação é negar uma compreensão fundamental da biologia e da ciência como um todo.

A abordagem da Índia em relação à educação, permitindo que o dogma religioso influencie o currículo, enfraquece o princípio do estado laico e ameaça a integridade do ensino de ciências. Isso cria um ambiente propício para a proliferação de desinformação e a polarização da sociedade sobre questões científicas fundamentais. A Índia só será capaz de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas se colocar a educação científica como uma das prioridades do país. Somente com todo o conhecimento relacionado à ecologia, evolução e biologia como um todo será possível mitigar essa situação imposta à humanidade e à sua população, em particular. Além disso, é imperativo que pesquisas, análises e discussões aprofundadas sejam realizadas para avaliar a verdadeira extensão dos danos causados por essa intervenção inadequada na educação indiana.

Demonstrar claramente os impactos negativos dessa medida pode ser um passo importante para promover a reversão dessa decisão na Índia e, possivelmente, servir como exemplo para outros países que considerem mudanças curriculares semelhantes. No entanto, deve ser reconhecido que a reconciliação entre crenças religiosas e aceitação da teoria da evolução é possível. Por fim, a remoção da evolução biológica do currículo escolar na Índia representa um desafio global para a integridade do ensino de ciências em um mundo onde influências religiosas e políticas podem afetar o ensino baseado em evidências. É crucial que a sociedade, os educadores e os líderes políticos estejam vigilantes para garantir que o ensino de ciências seja preservado e que as futuras gerações tenham acesso ao conhecimento confiável, baseado em evidências, para enfrentar os complexos desafios do mundo moderno.

Essa questão abordada é relevante para educadores nos Estados Unidos, bem como em todo o mundo, pois destaca uma preocupação global sobre o ensino da teoria da evolução e sua relação com as influências religiosas nos sistemas educacionais, junto aos riscos associados à sua exclusão dos currículos. Questões semelhantes surgem em vários países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, onde movimentos criacionistas e de design inteligente desafiam o ensino da teoria da evolução nos currículos escolares. Ao abordar a situação na Índia, busca-se fornecer uma perspectiva adicional sobre os desafios enfrentados por nações em diferentes partes do mundo. A remoção da teoria da evolução da educação na Índia serve como um exemplo marcante das consequências negativas que podem surgir quando influências religiosas interferem no ensino baseado em evidências. Compreender esses desafios é crucial para promover a conscientização global sobre a importância de preservar a integridade do ensino de ciências e biologia, bem como suas implicações em outros campos do conhecimento, independentemente das pressões religiosas. O objetivo é incentivar um diálogo mais amplo sobre a reconciliação entre crenças religiosas e aceitação da teoria da evolução.

Tradução voluntária de Marconi Fabio Vieira com permissão do autor.

Fonte: The American Biology Teacher, Vol. 87, No. 2, pp. 132–138, da National Association of Biology Teachers.

 

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