Helena

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Helena

Por Francisco Sacramento

Uma vez encontrei, na porta de uma sala de anatomia, os seguintes dizeres: “Aqui, os mortos ensinam aos vivos!” Uma grande verdade até hoje escavações arqueológicas realizadas em países como o Egito ensinam muito desde o estudo das múmias, obras de engenharia e dos instrumentos médicos daquela época. Lembranças que me fazem recordar de meu velho ioiô, aquele brinquedo infantil que sai das mãos e percorre o espaço atado ao dedo por um barbante, um fio de nylon, para depois retornar à mão acolhedora ou displicente através desse misterioso “cordão umbilical”. Contrassenso e coerência entre idas e vindas alegres ou tristes. Diariamente eu ia trabalhar e retornava à noite cansado, alegre, triste, realizado, ansioso; vezes havia, em que carregava um presente: uns ficaram entre sorrisos e beijos, outros ou me devolveram ou largaram à minha porta! Ironicamente nunca tive retorno negativo do afago dado a um cão,e eles é que são irracionais, pelo menos é o que dizem. Presenteie uma pessoa com exemplar de “Helena de Tróia” escrito por Margaret George e o esqueceram, ou largaram como uma irrefutável declaração de descaso. Curiosamente lembro que esse presente fora solicitado. Paradoxo ou ironia? Talvez um fenômeno resultante da falta de sensibilidade e educação – ambas são desenvolvdias a partir do berço e não nas salas de aula – o fato é que a repetição desses eventos pode ser facilmente analisado a partir da estatística, a qual através da repetição dos eventos pode expor ao ridículo a incoerência humana.

Hoje pela manhã meus olhos repousaram sobre a lombada desse romance. Fiquei curioso diante da vã tentativa de saber porque foi esquecido ou abandonado. Ao observa-lo de perto notei que nem aberto havia sido, suas páginas ainda permanecem com o cheiro de livraria e parecem estar unidas e, em sua virgindade e parecem convidar o leitor a deslizar seus olhos sobre a história, a desvendar os segredos daquela que “por sua beleza teve o poder de lançar mil naus de guerra ao oceano”. Meu pensar discorreu através de inúmeros momentos e fluiu ao longo do texto da “Ilíada” de Homero, a recordar heróis e deuses: Aquiles, Eneas, Agamenon, Heitor, Menelau, Afrodite, Athena. Agora e o ioiô? A vida está repleta deles seja como um brinquedo, seja com a sugestão perigosa: eles pois podem dançar no espaço presos a pessoas ou ideias que era melhor não sabê-las. Inventaram muitos outros e pasmem vocês uma infinidde de jogos, mas eles sua proposta permaneceu a criar sonhos ou desilusões. Ao bater no chão a canta alegre, enquanto vozes infantis agitam ou ambiente, ou será que estarão diante de uma telinha presos a outros tipos de jogos? “Outro cronista na “fossa”? Nada disso, apenas um a observar através da janela do tempo o caminhar de lembranças, imagens, o ranger de dentes e alegrias. “Chega, então vais descartar o romance ??? Sorrio e, quase às gargalhadas, retruco: “jogar no lixo a vida de Helena de Tróia,seus heróis e deuses?” Então entre irado e irônico pergunto: “Por acaso bebeste?” Diante do espanto complemento: “Vão se os anéis e ficam os dedos”

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